quarta-feira, 16 de julho de 2008



Saltos

Sou uma pessoa que procura o inexato, abrir os olhos e vê mais que o teto, estrelas são mais que corpos em constante fusão nuclear. Tentar enxergar mais do que as lentes mostram objetivamente. O sonho, a utopia, a fantasia, o mágico, um realismo mágico! Seria melhor viver assim, mas com tanto chão, como é possível voar? Se concentrar, fechar os olhos e pensar em coisas positivas, aí vem o esperado.

Sempre o esperado que bate na nossa porta, mas que não desejamos receber, nem vê, que se prefere esquecer. Mas se fizermos isso não significa que ele some, então é bom encará-lo de frente para depois mais leve podemos voar. E eu espero ansiosamente o dia em que o meu salto será maior que o impulso que eu posso dar.

O mundo é assim mesmo, parece ser cruel, contar nos dedos as injustiças? Seria injusto, mas uma injustiça para anotar no caderninho. E sair nas ruas e vê a miséria, dar um zoom nos mendigos das rua, enquadrar na melhor posição as crianças no sinal, aumentar o volume para a violência noticiada. Lê o roteiro da guerra em qualquer lugar, fazer a produção da violência contra mulheres e crianças, captar a melhor cor da Amazônia incendiada, os ângulos perfeitos dos acidentes de trânsito. Procurar o melhor plano dos empresários, presidentes e líderes mundiais, tiranos ou não. A expressão fotografada da ignorância, do absurdo, da imprudência, da falta de humanidade e do esquecimento dos direitos humanos.

É o filme da realidade, incontáveis fotografias da vida real. Algo que se tornou banal, mas que nos impede de voar, porque embora sejamos pessoas íntegras, isso não nos protege da sujeira alastrada. Por isso fazemos todos parte dessa fotografia, essa é do maior tamanho possível e cabem todos, sem exceção, desde o recém-nascido do país mais rico do mundo ao velho do lugar mais pobre da terra. É nesse lugar onde meus filhos vão nascer? Sim. Pobrezinhos, não vão poder voar, pelo menos se pairar sobre suas cabeças algo chamado consciência.

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